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Arquitetos: FREE, Fernanda Ahumada
- Área: 11780 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:César Belio, Mariola Soberón
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Pavilhão Nacional da Biodiversidade é um novo espaço para a UNAM, situado no corredor cultural da Cidade Universitária. O projeto nasce com o objetivo de expandir e preservar o arquivo do Instituto de Biologia, assim como criar laboratórios temáticos para o estudo científico da maior coleção de espécies mortas da América Latina.
O projeto responde a diferentes retóricas. Conceitualmente, o partido arquitetônico propõe uma planta radial que surge da interpretação da árvore da vida e da ideia de que cada ser vivo está conectado. As escadas, situadas no centro do prédio, representam a dupla hélice do DNA, a molécula que contém as informações genéticas de todos os seres vivos e a partir da qual surgem cada uma das espécies do planeta.
Em relação à arquitetura, a escada localizada no epicentro do conjunto é o elemento que conecta os diferentes espaços do pavilhão. Dela emanam os percursos para as salas de exposição, arquivo e laboratórios, formando uma planta radial que representa as possibilidades infinitas da biodiversidade. Em termos materiais, a fachada de vidro com alumínio e o embasamento feito com pedra local permitem conectá-lo diretamente a seu contexto.
O pavilhão, com mais de onze mil metros quadrados construídos, possui salas de exposição e salas multimídia, biblioteca digital, escritórios, área de armazenamento e laboratórios, todos distribuídos em três pavimentos com uma disposição radial.
Em planta, cada nível possui três anéis. O primeiro anel é destinado ao programa público, e parte do centro com a circulação vertical e as exposições permanentes. O anel subsequente é de uso privado e abriga as coleções. O último anel que abriga o restante do programa, e que fica localizado na borda da fachada, corresponde aos espaços de consulta especializada, laboratórios e escritórios de curadoria.
Essa mistura de áreas em cada planta permite estabelecer uma interação entre os usuários temporários e permanentes do edifício. A planta circular contribuiu para alcançar dois objetivos principais, por um lado, o unir todos os espaços por meio de um único núcleo vertical, e por outro, criar vistas panorâmicas de 360 graus da paisagem natural por meio de sua fachada que se abre e fecha em forma de onda de acordo com as necessidades específicas do programa.
Um dos grandes desafios foi a distribuição dos arquivos das quatro coleções do instituto: mamíferos, répteis, peixes e aves, devido à grande quantidade de metros quadrados que deveriam ser destinados ao conjunto. Cada coleção foi estrategicamente implantada para atender às necessidades climáticas, de armazenamento e de crescimento futuro.
Para seu correto funcionamento, existem compactadores de alta densidade para armazenagem, que são colocados em trilhos metálicos que se movem para armazenar a maior quantidade de espécies no menor espaço possível. Além disso, propusemos uma estrutura ortogonal dentro da planta circular com o intuito de otimizar as áreas de armazenamento e permitir o crescimento futuro.
O acesso ao edifício se da por uma praça escalonada que serve como espaço de estar e descanso para os visitantes e se conecta ao corredor cultural. Neste andar está localizada a maior área expositiva e três das quatro coleções, juntamente com laboratórios. O primeiro pavimento é caracterizado por ser o mais fechado de acordo com os requisitos técnicos. Nele estão localizados uma das coleções, o laboratório de biologia molecular, o auditório e os escritórios administrativos.
Por fim, o nível inferior responde ao desnível do terreno, contendo os espaços de maior uso público, como a loja, a cafeteria e a biblioteca digital; ao localizar essas áreas nesse pavimento, aproveita-se a vista direta para a pedreira, ao mesmo tempo que se cria um ambiente tranquilo e introspectivo. Além disso, a localização privilegiada do terreno, inserida no corredor cultural universitário, adicionou ao programa espaços para divulgação, com o objetivo de despertar o interesse dos visitantes nas carreiras científicas.
Em relação às fachadas, o pavimento inferior funciona como uma vitrine para a biodiversidade endêmica, integrando vistas diretas do espaço natural que cerca o prédio. Os dois níveis superiores possuem uma fachada dupla de vidro e alumínio perfurado, que permitem ter vistas controladas e cuja abertura e fechamento respondem às demandas específicas de iluminação e ventilação dos espaços internos.
O resultado é uma fachada formada por milhares de módulos de alumínio de 30x20 cm que se movem com o vento, um movimento que é gerado pelas condições climáticas locais e que faz alusão à sua importância na evolução e permanência da biodiversidade, estabelecendo uma fachada viva.
O embasamento do conjunto foi construído com cantera, uma pedra vulcânica que é o elemento mais característico da biodiversidade local, resultado da erupção do Xitle, que deu o nome à zona do Pedregal e onde está localizada a Cidade Universitária. Vale ressaltar que, para a construção dessas paredes, utilizou-se a mesma pedra que foi retirada para a fundação.
O projeto se resume em uma fusão entre os espaços públicos e privados, onde o usuário temporário pode conviver com o que está exposto, mas também com o espaço em si e seu contexto, despertando assim o interesse por tudo o que está por trás do estudo e conservação das espécies.